Fonoaudiologia
FONOAUDIOLOGIA: RESPIRAÇÃO BUCAL ou ORAL
A boa qualidade respiratória ocorre quando realizamos a respiração nasal. A respiração oral ou bucal desencadeia desde problemas posturais corporais, dores de cabeças, falhas de concentração e atenção, e doenças respiratórias, a problemas bucais relacionados às cáries, mau hálito e má oclusão. Recomendamos o exercício de Inspirar e Expirar pelo nariz, tendo em vista que a maior dificuldade do respirador bucal está na Expiração, em retirar o ar do pulmão. A prática do exercício melhora o condicionamento e contribui com o tratamento Ortopédico Bucal ou Orofacial – Postural.
Pelo fato de a respiração ser uma das funções vitais de nosso organismo, o seu desequilíbrio causa alterações em vários órgãos e sistemas. O tratamento requer conhecimento de profissionais especializados em várias áreas, dependendo assim, de uma atuação multidisciplinar.
A qualidade do ar que penetra no organismo pelas vias aéreas superiores é inigualável. Somente as cavidades nasais possuem as condições perfeitas para filtrar partículas e micro-organismos do ar e fazer com que ele chegue aos pulmões na temperatura ideal, favorecendo o organismo com uma excelente oxigenação e, consequente melhoria na qualidade de vida.
A causa mais comum da respiração bucal é a obstrução das vias respiratórias devido à hipertrofia (aumento) das tonsilas faringianas (adenoide), à hipertrofia do tecido conjuntivo que reveste as conchas nasais; ao desvio de septo nasal (que pode ser provocado por traumas de acidentes domésticos ou parto) ou à hipertrofia das tonsilas palatinas (amígdalas). As tonsilas geralmente sofrem hipertrofia devido à problemas alérgicos (rinite, sinusite, bronquite), como defesa do organismo. É provável que crianças que recebam aleitamento materno, sobretudo nos primeiros meses de vida, tenham maiores possibilidades de serem respiradores predominantemente nasais.
A criança que respira de forma predominantemente bucal vive de boca entreaberta. Está sujeita a alterações de cor e volume da gengiva provocadas pelo ressecamento da boca. Normalmente, esse paciente perde a tonicidade da musculatura facial e, mesmo após solucionar os problemas obstrutivos, ainda pode apresentar dificuldade em manter a boca fechada. Na maioria das vezes esse indivíduo chega na fase adulta, apresentando uma má oclusão, classe II – queixo para trás, mais propenso a apresentar alterações funcionais envolvendo a articulação Temporo – Mandibular (ATM). Dependendo da idade, esse paciente, já sofreu alterações significativas na arcada e na face:
- Estreitamento da arcada dentária superior e ossos adjacentes.
- Palato profundo
- Protusão da maxila (vai para frente)
- Retrusão da mandíbula (vai para trás)
- Face longa e entristecida, olhos caídos, olheiras profundas, lábios entreabertos, hipotônicos (flácidos) e ressecados, narinas estreitas, bochechas com musculatura hipotônica e má oclusão.
- Modificações corporais com elevação da cabeça e ombros jogados para frente, comprimindo a região torácica para compensar a hiperextensão anterior do pescoço, musculatura abdominal pode encontrar-se distendida, relaxada de forma compensatória, alterando o funcionamento do diafragma.
- A fala também pode apresentar-se prejudicada.
A principal contribuição que o ortodontista pode dar ao tratamento do paciente respirador bucal está relacionada à expansão da arcada superior, promovendo um aumento da capacidade das vias aéreas superiores. O tratamento multidisciplinar beneficia à todos, pois está comprovado que os métodos diagnósticos utilizados pela Medicina são excepcionalmente úteis ao trabalho do ortodontista e do fonoaudiólogo.
Atualmente, os médicos evitam ao máximo a remoção cirúrgicas das amídalas e adenoides, pois esse problema tende a se normalizar na adolescência. O auxilio do otorrinolaringologista é essencial para determinar os locais da obstrução à respiração nasal, o que orienta o caminho a ser tomado.
O fonoaudiólogo, promove exercícios e treinamentos respiratórios, com ênfase no funcionamento correto do diafragma, estão incluídos na terapêutica que visa à recuperação do padrão respiratório nasal.
Fonte : revista APCD vol.53 n.4 jul./ago. 1999
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